Fizemos o primeiro contato com os Timbira através do CTI, ONG indigenista criada na década de 70 por alunos do curso de Ciências Sociais da USP que, na época, se envolveram com as comunidades indígenas da região.Hoje, o CTI é considerado umas das organizações do terceiro setor mais influentes na questão indígena, sendo, inclusive, parceira da FUNAI em diversos projetos. Foi com o objetivo de fortalecer a união do povo Timbira que o CTI começou o trabalho na região.
Todos com quem conversamos elogiaram os projetos desenvolvidos no Pintchy. Também todos criticaram o fim abrupto das atividades no local, que por problemas na prestação de contas deixou de receber a última das três parcelas que viriam através do Projeto do Ponto de Cultura.
Dança e cantoria no pátio central da aldeia. No Pintchuy, tais músicas foram gravadas, fotos resgatadas, oficinas realizadas.
Por exemplo: existe um orçamento para que 10 pessoas façam um curso no “Pincthuy”. Quando o carro chega na aldeia para buscar aquelas 10 pessoas, um cacique cuja ida não estava prevista ou a mãe de uma destas 10 pessoas resolvem de última hora ir ao curso também. Não existe a mínima possibilidade de negar esta ida. Porque é cultural, se a mãe quer ir ela vai, se o cacique resolve ir, ele vai...e aí são mais duas pessoas pra comer, pra beber...e na hora de justificar, só podia justificar os 10.
Um outro exemplo citado por Elizete é no caso de morte de um membro de uma aldeia. Supondo, por exemplo, que há uma senhora indígena na cidade muito doente, e ela quer ser levada pra morrer na aldeia. Não importa como, mas esta senhora terá que ser levada imediatamente para a aldeia, já que morrer em qualquer outro lugar significará um enorme problema para quem a estiver acompanhando: para eles, a morte é sempre culpa de alguém, e se esta pessoa morre na cidade, a pessoa que estiver junto, seja um funcionário da FUNAI, do CTI ou um médico, será eternamente responsabilizado pela família do morto. Então um gasto que não era previsto é gerado, de taxi, de motorista...E aí, como justificar isso burocraticamente? Que nota fiscal abarca isso?
Estes são apenas pequenos exemplos dos problemas que envolvem a questão indígena, a verba publica e a prestação de contas.Para Elizete, não haveria a flexibilidade necessária por parte dos órgãos financiadores de projetos para lidar com questões que são especificidades culturais deste povo.