Faz alguns dias conversamos um pouco sobre o caráter desse blog (a bem da verdade o caráter está se definindo no processo). Mas até o momento achamos que devemos buscar um equilíbrio, pois são vários os possíveis leitores: os amigos que querem saber como e onde estamos, os colegas pesquisadores que querem acompanhar e compartilhar experiências, gente interessada em arte e cultura popular, curiosos aficionados em viagens...enfim várias pessoas, vários perfis. Chegamos a um consenso, não queremos ser demasiados chatos.
A idéia é diversificar, usar vídeos, fotos, textos e áudios. Em relação aos textos, também diversificar. Crônicas, poemas, textos sobre coisas divertidas e também textos mais “acadêmicos,” sem cair numa coisa muito fechada, numa leitura demasiadamente complicada.
Assim sendo, quero usar um pouco o espaço acadêmico, falar sobre os porquês de estudar manifestações artísticas de tradição oral. Tomara que não me torne muito complicado e nem muito chato.
A idéia é diversificar, usar vídeos, fotos, textos e áudios. Em relação aos textos, também diversificar. Crônicas, poemas, textos sobre coisas divertidas e também textos mais “acadêmicos,” sem cair numa coisa muito fechada, numa leitura demasiadamente complicada.
Assim sendo, quero usar um pouco o espaço acadêmico, falar sobre os porquês de estudar manifestações artísticas de tradição oral. Tomara que não me torne muito complicado e nem muito chato.
As comunidades tradicionais, formadas por setores marginalizados da sociedade, produzem o que chamamos de Cultura Popular ou de folclore. O folclore é um tipo manifestação popular dinâmica que tem uma função no contexto no qual está inserida e é transmitida de geração a geração principalmente através da oralidade. Várias manifestações culturais (que geralmente não chamamos de arte) destas comunidades se relacionam a uma maneira deviver onde o que é feito e como é feito tem um caráter artesanal. Tal maneira de viver difunde valores como solidariedade, espírito coletivo e respeito à natureza, próprios deste tipo de economia. A arte produzida por esta gente não se especializou, não se transformou em algo cujo único objetivo é ser produzida para o mercado e ou para ser apreciado em um museu ou teatro. Ela cumpre uma função social, compõe o imaginário popular relacionando-se com outros aspectos da vida social das comunidades. Neste tipo de manifestação artística a forte relação entre natureza e cultura cria uma lógica própria que difere da lógica racionalista, na qual predominariam os interesses das elites econômicas, dos donos dinheiro.
A relação com as lendas e os mitos é uma das maiores características da arte popular. O antropólogo Roberto da Matta afirma que a forte presença dos elementos míticos nesse tipo de manifestação demonstra uma visão “holista” do mundo, na qual a natureza e a cultura, os mortos e os vivos, o mundo real e o mundo imaginário se relacionam de forma intensa. As festas reafirmam, portanto, um mundo encantado, opondo-se, dessa forma, à lógica racionalista da sociedade capitalista, na qual predomina a busca pelo lucro, evidente, por exemplo, nas festas oficiais e nos grandes eventos criados pela indústria cultural. O popular reintroduz, no mundo individualizado capitalista, a “velha generosidade da troca”, na qual os seres humanos, como pessoas, filhos, amigos e parentes, têm a obrigação de dar e receber. Segundo da Matta“Eis uma tradição que resiste tanto em se transformar em cultura de massa, quanto protesta contra a visão aristocrática que vem de cima.”
Depois de visitar o Ponto de Cultura Centro de Cultura Caiçara, na Barra do Ribeira/Juréia – Iguape, estas considerações adquirem, para nós, novas dimensões. Estamos tentando postar um vídeo onde pessoas de lá falam de coisas importantes para refletirmos sobre o que foi dito acima, por Roberto da Matta.
Piau
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