quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Por que nóis vai?

As origens do projeto

Este projeto não é. Ele são. São vários projetos. A origem é a proposta de pesquisa vinculada ao meu doutorado, em Humanidades, na Universidade Autônoma de Barcelona, Espanha. Tal proposta surgiu das preocupações relacionadas ao trabalho de professor da Universidade Estadual de Londrina, aliadas às preocupações teórico/práticas vivenciadas no exercício de várias funções vinculadas às políticas públicas de cultura. Suas origens também podem ser encontradas nos estudos desenvolvidos no mestrado e nas reflexões surgidas em uma disciplina de Ecologia Humana oferecida pelo INPA – Instituto Nacional de Pesquisa Amazônica – em 2003. O contato com as culturas tradicionais amazônicas promoveu tal inquietação que provocou o abandono de um projeto de doutorado em estética e levou-me a uma reorientação de foco, a uma dedicação mais atenta às manifestações artísticas de tradição oral. Cada passo vivenciado, refletido/reflexivo rumo ao universo das artes tradicionais foi (e continua sendo) um desvelar dos arbítrios que envolvem o campo restrito da arte chamada erudita. Para desde o início, tem sido também uma forma de reencontro com o encantamento das folias de reis, congadas, catiras e causos que impregnaram meu imaginário no interior de Minas Gerais. A partir 2003, minha produção como artista, teórico e gestor público tem buscado uma articulação entre o campo restrito da arte a manifestações artísticas de tradição oral, a indústria cultural e as políticas públicas de cultura.

Posteriormente, as várias atividades que venho desenvolvendo como professor e gestor cultural têm indicado que as manifestações artísticas de tradição oral, se por um lado, podem contribuir como elemento perturbador ou problematizador do sistema das artes, por outro, podem contribuir para a construção (e ou manutenção) de outra lógica sócio-cultural que não necessita ser balizada pela lógica de estruturação e funcionamento dos sistemas das artes atuais. O campo da arte popular - sua estrutura, funcionamento e função social – tem um sentido em si. Não deve ser entendido somente como um instrumento de oxigenação, de renovação dos campos da arte erudita e ou da indústria cultural.

Neste sentido, o propósito desta jornada era, inicialmente, coletar material que possibilitasse, por um lado, fazer uma análise institucional da implantação de alguns Pontos de Cultura (projeto do Ministério da Cultura do Brasil) e, por outro, investigar os possíveis impactos desta ação institucional (Governos e ONGs) nas manifestações artísticas de tradição oral, a eles vinculadas. Pretendia-se, sobretudo, focar o impacto nas manifestações da introdução das novas tecnologias digitais, uma das principais características dos Pontos de Cultura.

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